"O amor,é fogo que arde e não se vê..
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer....."
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave
de rapina.Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
(Carlos Drummond de Andrade )
3 comentários:
Olá!!!
Tudo bem??
Que postagem romântica essa ... linda d+++ ... ótima para iniciar a semana!!!
Abraços ...
"...é um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder..."
Lindo!!! E os gráficos, que lindos que são! Tudo muito adequado!
Beijinhos
Silvia
Lindos os poemas e seus gráficos também.
Tem selinho pra vc no meu blog de selinhos.
bjs
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